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Voltar aqui a este lugar...


Não escrevo como sabia escrever, há muito tempo. Esqueci-me dos tempos verbais, de como compor frases, da métrica, das rimas, das vírgulas…à medida que me fui esquecendo de mim!

Fui bradejando frases alheadas ao longo de três anos, da mesma maneira que tenho vindo, à deriva, a sobreviver; fui expelindo ironias com o mesmo sarcasmo e desplante que tenho vindo a ignorar-me.
Escrever é, antes de mais, um exercício de consciência, coragem e olho crítico sobre nós próprios. É isso que me tem faltado e é a isso que não sei voltar por mais que tente.

Trinco as palavras já trincadas. Mastigo-as, como-as, petisco-as sem, porém, as saborear. Como se fossem pastilhas elásticas sem sabor. Da mesma maneira que tenho sobrevivido ao invés de viver.

Voltar aqui, ao mesmo lugar onde derramei pensamentos com a facilidade de um declamador; avessa às modas, à opinião alheia, ao acordo ortográfico é o mesmo que voltar a mim. Porque eu perdi-me muito antes desse acordo. Porque eu preciso de me reaver. Reencontrar-me é tão difícil como reaprender a juntar as letras… Mas não vale a pena saber escrever sem saber ler. É inútil.

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